Wednesday 29 October 2008

O top 10 dos meus erros máximos em termos de moda

  1. Permanente nos anos 80: Mas quem não a teve que atire a primeira pedra
  2. Cabelo curto com popa espetada e com gel no fim dos anos 80
  3. Mini saia aos trinta e tal anos sem ter pernas para isso: Convencida que era agora ou nunca, decidi tentar esta modalidade com resultados trágicos
  4. Kispo de penas sem mangas
  5. Nunca ter usado bikini quando podia
  6. Calças de ganga rasgadas no início dos anos 90: Supostamente rebeldes, estes “jeans” deslavados e apertados são das peças mais horrendas que pode haver, lembrando bandas de rock tipo Bon Jovi
  7. Vestido de ganga tipo jardineiras nos anos 90, aliás jardineiras em geral injustificáveis em pessoas com idade superior a 7 anos
  8. Blusão a imitar cabedal preto e outras falsidades ignóbeis
  9. Vestido turco para ir para a praia (em minha defesa foi nos anos 70 e eu não tinha voto na matéria, já que este me era imposto pela avó que usava toucas ou turbantes turcos)
  10. Sandálias de plástico, também para a praia coloridas, com teor altamente prático, pois evitavama picada do peixe aranha, mas mesmo assim...

Wednesday 15 October 2008

"A mania das roupas"-parte 1

Durante muitas anos tentei suprimir uma grande paixão minha, considerada superficial e absurda: a moda e roupas, roupagens, acessórios, sapatos, enfeites. Este interesse e amor começou muito cedo, mas a minha primeira memória deste romance remonta à primeira ou segunda classe. Na altura do 25 de Abril, na escola Voz do Operário gostar de roupas era visto como uma ostentação quase fascista. Mas eu desenvolvi um desejo secreto de ter umas botas bicudas de camurça com um salto, nem sequer muito alto, que vi numa colega. Não me lembro do nome da rapariga, mas recordo-me de sermos diferentes, pelo simples facto de rejeitarmos a estética hippy e a moda étnica dos anos 70. Ambos idolatravamos a Olivia Newton Jones e cantarolavamos as músicas do filme “Grease”. Em casa achavam-me uma “pirosinha” e gozavam com a minha tendência para as “botas para matar baratas ao canto da sala”. Já na minha tenra infância costumava experimentar várias “toilettes” e infelizmente deixar roupas espalhadas por todo o lado. A prática de mudar de roupa de manhã, tarde e noite era-me natural, como se vez de ser uma criança no Areeiro e depois nas Avenidas Novas em Lisboa, fosse uma senhora aristocrática nos anos 30 que se veste para escrever cartas de manhã, muda de roupa para o almoço e mais tarde para o jantar. Todos os anos, na Primavera e no Outono, a minha avó Adelaide levava-nos às compras à Baixa ou à Avenida de Roma e Guerra Junqueiro. Mas a avó não era pessoa para nos deixar escolher as roupas que queriamos, tinha sempre que haver uma complexa negociação entre o nosso própio gosto, o dela e considerações práticas sobre se precisavamos ou não daquela peça e se a avó a achava decente para a nossa idade. Em pequenas, a avó vestia-nos de igual e cortava-nos o cabelo à tijela, o que ainda hoje me deixou com uma relação muito difícil com o conceito de franja. Outro problema que surgiu na década da nossa meninice em qualquer circunstância era o frio glaciar. Reconheço que sofremos hoje com o aquecimento do planeta, mas seria o clima assim tão frio no Portugal pós-revolucionário que justificasse os gorros, alguns a só deixar de fora os olhos, os ponchos, as collants de lã (que escorregavam) e vestidos de fazenda? Mesmo as flanelas que apareciam por todo lado, como lençóis, camisas, pijamas, tudo era um vasto campo de flanela. Esses tecidos arranhavam e faziam suar, estão a ouvir?
Passados os rigores invernais dos anos 70, entrei nos anos 80, com um sentido de estilo esquizofrénico. Por um lado queria vestir-me como nos telediscos, ser “pop” copiar a Sade Adu (nunca a Madonna) por outro, influenciada pela avó Adelaide e pelo nosso liceu ultra-conservador vestia saias compridas de xadrez, colarinhos com enormes golas que se aplicavam aos pullovers, colares de pérolas e bandelettes de veludo, como se tivesse 55 e não 15 anos! Assim posso dividir os "meus anos 80" em três fases:
Jovem com permanente no cabelo, roupas assimétricas e coloridas e bijuteria de plástico. Um Verão eu e a Ana Marta decidimos que todas as nossa roupas tinham que ser verde alface e laranjas (as cores da moda) e então tinjimo-las. Climax: Andar de skate com calças amarelas, ténis vermelhos e t-shirt do Snoopy.
A segunda fase foi a beta com os kispos alcochoados, os axadezados, os rendilhados. Climax: Colete kispo sem mangas com saia de pregas, sapatos mocassins e laço no cabelo.
A última fase é gótica-vintage-andrógina, o que significou uma adesão total ao preto, à maquilhagem carregada (cara branca com lábios vermelhos), resgate de roupas da avó e até do meu bisavó Zé (coletes e calças gigantes, camisas e gravatas, que me ficavam a nadar, dada a barriguita proeminente do senhor).