Wednesday 24 December 2008

Oda a la Edad, Pablo Neruda

Yo no creo en la edad.
Todos los viejos llevanen los ojos un niño,
y los niños a veces nos observan como ancianos profundos.
Mediremos la vida por metros o kilómetros o meses?
Tanto desde que naces?
Cuanto debes andar hasta que como todos en vez de caminarla por encima descansemos, debajo de la tierra?
Al hombre, a la mujer que consumaron acciones, bondad, fuerza, cólera, amor, ternura, a los que verdaderamente vivos florecieron y en su naturaleza maduraron, no acerquemos nosotros la medida del tiempo que tal vezes otra cosa, un manto mineral, un ave planetaria, una flor, otra cosa tal vez, pero no una medida.
Tiempo, metalo pájaro, flor de largo pecíolo, extiéndete a lo largo de los hombres,
florécelos y lávalos con agua abierta o con sol escondido.
Te proclamo camino y no mortaja,
escala pura con peldaños de aire, traje sinceramente renovado por longitudinales primaveras.
Ahora, tiempo, te enrollo, te deposito en mi caja silvestre y me voy a pescar con tu hilo largolos peces de la aurora!

Monday 22 December 2008

"The Reluctant Fundamentalist", Mohsin Hamid

Esta obra, na lista curta de nomeados para o Man Booker Prize de 2007 conta a história de Changez, um jovem paquistanês idealista que após ter estudado na universidade de Princenton é recrutado por uma firma de Wall Street, iniciando uma carreira que se antevê brilhante. Sucessos académicos e profissionais e uma adaptação rápida a Nova Iorque, uma cidade em que se sente em casa, fazem com que os colegas e amigos o considerem integrado em Manhattan, apesar de ser sempre visto como algo "exótico".
O protagonista apaixona-se por Erica, com quem tenta desenvolver uma relação. Contudo, o estado mental instável de Erica e os ataques de 11 de Setembro levam Changez a questionar o modelo de supremacia americano, o seu trabalho e a tornar-se crítico face ao que vê como a arrogância dos Estados Unidos. A primeira coisa que faz é deixar crescer a barba, uma provocação que altera o modo como as pessoas o vêem, o que por sua vez gera em Changez sentimentos de paranóia e ressentimento.
A história é contada em forma de monólogo a um americano que o protagonista conhece num café de Lahore, após o seu regresso ao Paquistão e aos valores religiosos e culturais do seu país. A rejeição dos Estados Unidos e da sociedade ocidental (talvez fruto da frustração face ao amor não correspondido) vai se intensificando. O americano poderá ser um agente secreto ou homem de negócios e as intenções de Changez durante a narrativa são também duvidosas, já que o seu discurso mostra claros sinais de radicalização islâmica.
A escrita fluída e dúbia de Hamid, a descrição da crise de identidade cultural que a personagem atravessa e a tensão criada tanto no momento presente no café como no passado que leva à possível escolha do terrorismo como opção contra a injustiça tornam este livro uma leitura às vezes chocante, mas cativante e humana. Não se trata de uma obra de ficção sobre o 11 de Setembro, mas sobre a capacidade transformadora do 11 de Setembro.