Sunday 6 December 2009

Serões da província-Crime no campo

Estive ausente deste espaço no mês de Novembro e tenho passado muito pouco tempo na minha aldeia, pelo que a minha integração está a ser mais demorada.
No entanto ocorreu aqui um incidente quando um rapaz apareceu na minha casa à noite para me vender qualquer coisa e eu não lhe abri a porta, ao ver através dos vidros que ele tinha ar de quem estava desesperado e por me ter começado a gritar. Então, eu peguei no bébé (excitadissimo com esta aventura tardia) e fui à loja comprar pilhas para o telefone fixo. Estava incomunicável, já que não temos rede para telemóveis e na verdade o tal rapaz continuava a rondar a casa. Então fui ao pub e contei aos donos o que se tinha passado. O dono do pub (que está sempre embriagado e nunca se lembra de quem eu sou e pergunta normalmente o que me traz por ali, ao que eu sempre respondo que vivo na aldeia há já quatro meses) decidiu criar uma "patrulha" para investigar o sucedido. Entretanto a polícia telefona para o pub para me "entrevistar" sobre o suspeito e o crime. Expliquei à senhora agente da polícia que não havia ocorrido crime nenhum e apenas que o rapaz tinha sido um pouco insistente e agressivo. Mas as pessoas do pub queriam já que ele fosse detido por me ter incomodado. Através de várias conversas foi apurado que o jovem tinha sido libertado de um estabelecimento prisional para menores e que estava num programa de reintegração social em que tinha que vender panos de cozinha e outras inutilidades. Começei a ficar preocupada que a tal "patrulha" pudesse querer linchá-lo e tentei acalmar os ânimos que estavam cada vez mais exaltados contra esta nova "onda de crime na aldeia". Um senhor idoso e um homem das obras no pub avisaram-me que o suposto criminoso devia fazer parte de um perigoso "gang" de assaltantes que distraem as pessoas à porta enquanto os cúmplices entram pelas traseiras. "Mas isto é tudo infundado, são apenas suposições...eu apenas não lhe quis abrir a porta", dizia eu. Entretanto decidi deixar o pub em animadas discussões sobre como combater este e outros crimes, inclusivé o graffitti na paragem de autocarro e fui para a casa. Uma hora mais tarde batem à porta e era um polícia ruivo que parecia saído de uma série cómica inglesa que veio recolher o meu depoimento. Mais uma vez repeti que nada se tinha passado e disse-lhe para não perder tempo com este caso, mas ele parecia levar a sério a queixa do grupo do pub e disse que gostava muito de vir à aldeia que era um trabalho agradável e não se importava de ir para o pub fazer uma investigação do sucedido. Será que a polícia não tem aqui mais nada com que se entreter? A publicação local dedica este mês várias páginas ao crime nas redondezas, falando de "tentativas de assaltos" e de roubo de reboques para transporte de cavalos, além do já referido num "posting" anterior furto de combustível de tractores.