Tuesday 30 March 2010

Institucionalização do "bullying"

Hoje li com espanto que o Partido Conservador continua em queda nas sondagens. Quanto mais notícias negativas aparecem sobre os Trabalhistas, mais aumenta a popularidade do Primeiro-ministro, Gordon Brown. Recordemos que este nunca foi eleito e ascendeu ao cargo quando Tony Blair finalmente se demitiu. O controverso livro do jornalista Andrew Rawnsley "The end of the party" traz alegações bem fundamentadas de que Brown grita, intimida e trata muito mal os ministros, secretários, colaboradores, empregados e colegas. O próprio ministro das finanças, Alistair Darling admitiu ter sido atacado verbalmente e uma organização de ajuda a pessoas que sofrem de intimidação persistente ou "bullying"em escolas ou no trabalho confirmou ter recebido chamadas de pessoas que trabalham em Downing Street.
Curiosamente esta atitude de Gordon Brown parece ter conquistado os corações do povo britânico. Que nos meios financeiros da "City" e em muitas empresas esses comportamentos sejam a norma, não é novidade, mas a institucionalização e vanglorização da falta de respeito, intimidação, pressão desnecessária e humilhação, normalmente de subalternos em diversas esferas profissionais parece agora estar a generalizar-se.

Thursday 25 March 2010

Asneiras em jornalismo de rádio

1-Correr para o estúdio com papéis e chegar ofegante para ler as notícias e sem metade dos papéis tendo que improvisar
2-Rir durante notícias sérias devido a ataques de riso inesperados
3-Discutir com arqui-inimigo e co-apresentador nos intervalos entre ir para o ar
4-Ir para estúdio com os copos
5-Comer e sujar equipamento durante a apresentação de programas noticiosos
6-Insistir em passar música dos Smith e Green Day em programas culturais para as audiências erradas
7-Encher chouriços com comentadores chatos porque não se arranjou mais nada
8-Enganos variados que são atribuidos a "dificuldades técnicas"
9-Fazer barulho em estúdio
10-Não aparecer para apresentar programa deixando ouvintes aos milhões pendurados
Sou culpada do 1, 2, 3, 6, 8 e ocasionalmente 9, também por "razões técnicas"

Saturday 20 March 2010

Livros maus

A última edição da American Book Review traz um artigo sobre o que constitui um mau livro. Eu já me tinha referido a este tema no "posting" sobre a digitalização e como não se perde nada em haver versões electrónicas de livros para "deitar fora".
É muito relativo, mas os professores universitários de literatura que contribuem para este artigo concordam que muitos destes livros conseguiram enganar os críticos e os público de que eram obras de grande originalidade e envergadura, quando denotam a preguiça, o narcisismo, a arrogância e presunção dos escritores acima de tudo.
Que o "Código Da Vinci", os livros do James Bond são medíocres não há dúvida, mas esta lista também desmistifica clássicos o "Great Gatsby", "Women in love", o que é controverso. Por exemplo "Revolutionary road" é considerado um livro mau porque não diz nada de novo, no entanto nos anos 50, escrever sobre casais suburbanos e a calustrofobia do enquadramento social era revolucionário, além de que o livro está bem escrito, as personagens bem observadas e pormenores sobe o relacionamento entre as pessoas são bem captados. Por isso, este top 40 dos livros maus não me convence totalmente...
Um dos académicos diz que os livros maus o enraivecem, e eu identifico-me com isso, são irritantes, na perca de tempo que nos propõem, quando há tantos livros bons para ler. Uma ideia interessante é que escrever um livro mau implica esforço, tanto como escrever um livro bom.
Uma das entrevistadas para o artigo, dizia que todos os anos punha um livro mau na lista de leitura dos alunos do curso de literatura para ver se eles eram capazes de o identificar. É curioso que tenha escolhido uns contos da Isabel Allende, que muita gente gosta e que eu abomino. O realismo mágico é algo que não me diz absolutamente nada. Talvez haja um consenso sobre certos livros ignóbeis, mas decerto que os gostos variam. Há pessoas que adoram o Harry Potter, todos os livros de vampiros que estão na moda, o Dan Brown e as suas conspirações. É verdade que a intriga pode ser relativamente boa e o estilo horrendo. O John Grisham escreve intrigas empolgantes sobre casos jurídicos que me interessam imenso, mas a escrita é tão cheia de clichés e simplista, tão profundamente má que é uma afronta, mesmo na praia.

Tuesday 9 March 2010

"Working Girl"

Uma rara insónia levou-me a rever um filme piroso dos anos 80, que adorei. "Working girl" com a Melanie Griffiths é um daqueles filmes que se julga vagamente feminista e anti-elitista, mas que na realidade é um veículo para a ideia de que a mulher vence quando usa charmes femininos e alcança o direito de ter ela própria a sua secretária, um escritório, uma pasta de cabedal e um horário intenso cheio de reuniões e negócios. O que é divertido aqui, para além do corte de cabelo inicial da protagonista, do facto de ela usar mini saia e ténis no caminho para o emprego, o descabimento do Harrison Ford (que só sabe representar em filmes de acção) é que a premissa do filme desabaria no mundo actual. Melanie Griffiths é uma secretária da Sigourney Weaver que é malandra e aproveita-se das ideias dela sem lhe dar crédito e a trata mal. Quando parte a perna num acidente de ski e fica fora da jogada durante uma semana ou duas, a Melanie corta o cabelo, veste as roupas da chefe para conseguir fazer valer os seus brilhantes planos no mundo dos negócios, juntamente com o Harrison Ford, claro. Hoje em dia, nada disto poderia acontecer, porque a chefe teria internet, blackberry, iPhone, sabe-se lá que mais e saberia logo que a secretária lhe estava a passar a perna, na realidade em busca de recongecimento e justiça social.
No fim, Melanie Griffiths arranja um novo emprego e fica com o Harrison Ford que entretanto roubou à Sigourney Weaver, no meio disto tudo ainda lhe aspira a casa em cuecas e saltos altos. Que mensagens confusas...será o início da nova vaga encabeçada por Madonna, disfarçada de feminismo, que acabou na realidade por matar as verdadeiras aspirações de igualdade e degradar a posição das mulheres?