Saturday 10 April 2010

O magnífico género da comédia romântica

Há algum tempo que queria escrever sobre o fascinante tema da comédia romântica. Esta deriva das "screwball comedies" que surgiram nos anos 30, que um crítico descreveu como "comédias sexuais sem sexo". Trata-se de uma farsa excêntrica em que existe romance, misturado com uma série de peripécias e incongruências. O meu favorito é "Bringing up Baby" de 1938 com Katherine Hepburn e o magífico Cary Grant. Um dos meus actores preferidos, Grant era perfeito para estes filmes com o seu carisma, porte e com um sentido de humor subtil e sarcástico. Por seu lado Katherine Hepburn era uam força da natureza, que não tinha uma beleza clássica a la Grace Kelly, mas exalava inteligência e carácter.
Hoje em dia, muitas comédias românticas têm um guião previsível que é mais ou menos assim com algumas variações: Há uma solteirona gira, mas reprimida com algum sucesso profissional e nenhuma sorte nos amores, cuja mãe quer que case. Uso o termo solteirona, mas refiro-me no fundo a uma mulher de 30 anos no máximo, considerada já entradota nestes filmes. Ora esta protagonista às vezes tem um gato e um apartamento sofisticado e um grupo de amigas. Aliás na comédia romântica há sempre o melhor ou a melhor amiga do casal, que eventualmente podem até juntar-se (ver When Harry Met Sally). O papel destes é ouvir as histórias de cada um para os encorajar e para que a acção possa avançar e serem também cómicos (ver You´ve Got Mail)
Logo no início, a protagonista conhece um homem que normalmente não gosta e que depois se apercebe que é a sua alma gémea. Este processo implica interesse por outros homens que parecem perfeitos mas não o são e implica que ambos tenham gostos e excentricidades semelhantes que são vistas aqui como determinantes para a ideia que "foram feitos um para o outro". Depois de vários eventos, o casal junta-se. É uma fórmula previsível mas que funciona. Depois os sub-géneros da comédia romântica, como os que se centram em casamentos (My best friend´s wedding). Existe também a comédia romântica com pretensões intelectuais e não há nada pior.
Cada década tem a sua face ou casal para este tipo de filmes, como por exemplo Meg Ryan e Tom Hanks nos anos 80 e 90 ou Dorris Day e Rock Hudson nos ano 50. a comédia romântica infelizmente, para uma apreciadora como eu, tem vindo a piorar muito e muitas recentes são extremamente reducionistas e machistas, mostrando as mulheres como tontas obcecadas por compras e casamentos. Na altura da Meg Ryan, as personagens ainda eram jornalistas ou donas de livrarias, agora o mais a que podemos aspirar é a fisgar um homem, que aliás é a mensagem do Sex and the City.
Para mim há dois grandes nomes neste género: Nancy Myers e Nora Ephron.
O mais recente filme de Nancy Myers é It´s complicated com Merryl Streep e Alec Baldwin, a comédia romântica para a malta de meia idade. Myers realizou a Holyday que eu adoro e o fantástico Baby Boom com Diane Keaton, em que ela é uma executiva nos anos 80 com chumaços e sobretudos daqueles muito compridos que se vê com um bébé a ter que abidicar da carreira e a fazr doce de maçã no campo. Nora Ephron realizou When Harry met Sally (a Bíblia da comédia romântica) Heartburn, baseado no romance que eal escreveu e que é fabuloso (o filme é com a Merryl Streep e o Jack Nicholson) e Sleepless em Seattle entre outros.

Saturday 3 April 2010

The Secret History, Donna Tartt


Ontem disse a uns amigos que tinha acabado de ler este romance ou thriller. "É sobre incesto, não é?", perguntou a minha amiga que tinha lido o livro há dez anos. Por acaso não é sobre incesto. É interessante como nos esquecemos de livros que lemos ou como ficamos com uma certa imagem ou ideia que nos marcou particularmente. Apesar de haver uam relação incestuosa, eu diria que é sobre a dinâmica de um grupo de colegas e um professor numa universidade fictícia americana. É um "campus novel" por excelência, em que a acção é passada no ambiente intelectual, claustrofóbico e elitista duma faculdade. O protagonista conta a história da perspectiva mista de participante, mas ao mesmo tempo sente-se excluido do círculo de eleitos do professor de grego. O professor controla e influencia este pequeno grupo com os seus ideais estéticos clássicos, desdenhando a moralidade convencional. A personagem mais fascinante é o líder dos alunos, Henry, um poliglota ultra-inteligente, culto, frio e calculista. Publicado em 1992, este romance parece às vezes um pouco datado, embora seja possível que existam personagens semelhantes em universidades americanas de luxo, hoje em dia.
Com referências eruditas, romance, crime, chantagem, paranóia, conflito, lê-se bem, mau-grado ser demasiado longo. É um daqueles exemplos de um bom livro que se torna medíocre para o fim, ou seja arrasta-se nas últimas 100 ou 50 páginas e conclui de uma maneira um pouco atabalhoada, como se fosse numa direcção e depois perdesse o norte. Acontece a muitos.
Exemplos de "campus novels"
Nice work, David Lodge
The War between the Tates, Alison Lurie
Disgrace, J.M Coetzee
Human Stain, Philip Roth