Friday 23 July 2010

Casacos de peles e homofobia

Ontem vi um filme inacreditável com o Cary Grant e a Doris Day. Apesar de adorar o Cary Grant, que personifica o carisma, o estilo, o humor da época e gostar imenso de ver filmes passados numa altura em que beber cocktails ao almoço é considerado normal e as pessoas se vestiam bem e tinham telefones verdes limão (no caso deste filme particular) fiquei estupefacta com a mensagem do "That touch of mink" de 1962. Estava-se a entrar nos anos 60 e este filme mostra tudo o que aterrorizava a mentalidade conservadora dos Estados Unidos no dealbar da revolução social que ocorre nesta década: A desintegração da família, a emancipação das mulheres, a existência de outras relações que não as tradicionais, a possibilidade de outros pontos de vista.
Cary Grant é um homem de negócios de sucesso, Doris Day é uma secretária desempregada provinciana, com valores sólidos que se enamora dele. Ora, Cary Grant não quer casar, mas quer dormir com ela, tentando seduzi-la com jantares, viagens às Bermudas e casacos de pele. Este filme desaprova seriamente do sexo antes do casamento e tenta mostrar de uma maneira divertida com uma série de peripécias, em que a secretária tenta escapar-se aos truques do Cary Grant, uma das vezes dizendo-lhe até que tinha "um tio socialista", uma revelação destinada a dissuadi-lo de tentar partilhar o leito antes de ter a aliança firmemente no dedo. Antecipando as comédias românticas em que as mulheres não passam de umas tontas, que só fazem disparates e pensam em casamentos, Doris Day que não está muito interessada em trabalhar, fica inebriada com as fatiotas (de facto deslumbrantes) e os casacos de pele (dispenso).
Mas o mais chocante é uma personagem secundária, Roger, o melhor amigo, assistente de Cary Grant que reforça a comédia com alguns comportamentos absurdos. Um mal-entendido com o psiquiatra que o trata há anos faz com que este pense que Roger está envolvido com o patrão. O que é sinistro é o analista achar que Roger está completamente louco e destabilizado, que tem continuar a análise "mas com outro terapeuta". O psiquiatra decide que tem que estudar mais em Viena, o berço de Freud, sendo o caso tão sério. Roger continua a falar de Cary Grant e a contar do casamento (como calculam ele cede e casa com Doris Day) o que tem um efeito cómico, por parecer que é ele que casa com Grant, mas ao mesmo tempo mostra como a homosexualidade era vista como uma condição psiquiátrica grave. A grande ironia é que Grant era bisexual, segundo um dos seus biógrafos. Apesar de ter casado cinco vezes, viveu 12 anos com um actor amigo, Randolph Scott. Com uma infância extremamente infeliz e sob uma enorme pressão de Holywood, é possível que ele, como outros tenham tido que fingir serem heterosexuais, participando até em filmes homofóbicos.

Friday 16 July 2010

Pãezinhos com chouriço

Nunca tive muito jeito para pães e bolos e a minha avó costumava dizer que eu não "tinha mão para massas". 20 e tal anos em dietas causaram-me uma séria fobia de açucares e hidratos de carbono, que agora ultrapassei. Enquanto que para fazer entradas e pratos principais pode-se inventar e não seguir receitas à risca, para fazer sobremessas, bolos e pães, as medidas têm que estar absolutamente correctas. Com esta nova atitude científica perante a arte de amassar e da pastelaria e doçaria, iniciei-me talvez numa paixão que pode durar uma vida inteira. Demora horas, mas é relaxante e não há nada como comer pão acabado de fazer.

Estes pães são deliciosos e relativamente fáceis.


6 Pãezinhos médios

Ingredientes:

meio quilo de farinha e mais 200 gr para amassar

1 colher de chá de fermento

3 colheres de sopa de açucar

3 colheres de sopa de sal

2 ovos e uma gema à parte

meio copo pequeno de água

meio copo pequeno de leite

Rodelas de chouriço


Método:
Acenda o forno a 180 graus.
Coloca-se a farinha peneirada numa taça grande e mistura-se com o fermento açucar e sal, faz-se um buraco no meio e adiciona-se o leite e a água, incorporando bem, depois junta-se os ovos, mexendo sempre. Deixa-se a massa descansar durante meia hora tapada. Amassa-se a seguir, em superfície enfarinhada e juntando o resto da farinha até obter uma consistência elástica, mas ainda mais para o líquido. Fazem-se bolinhas, pondo rodelas de chouriço no interior de cada pão e pincela-se com a gema de ovo. Leve a forno quente durante 20 minutos em tabuleiro polvilhado de farinha.