Saturday 16 July 2011

A Cinco Tons: Morreu a arqueóloga Maria Maia: funeral é amanhã à...

A Cinco Tons: Morreu a arqueóloga Maria Maia: funeral é amanhã à...: "Maria Maia, arqueóloga e especialista no período romano, morreu esta madrugada em Faro, vítima de cancro, realizando-se o funeral em Castro..."

Tuesday 5 July 2011

Manifesto anti-Bimby

Só um tema suficientemente controverso e apaixonante me poderia fazer regressar a este espaço durante a minha ausência na pátria lusa. E não é o novo governo, a "troika", a profunda crise da economia e finanças, o facto de Portugal ser considerado "lixo" pelas agências de notação, nem outros assuntos prementes da actualidade, mas a Bimby. Ora, eu já tinha tido um contacto remoto com este aparelho de nome absurdamente rídiculo através de amigos portugueses, mas nunca tinha visto e interagido com uma, nem me tinha apercebido do seu impacto na vida portuguesa. Infelizmente não possuo dados sobre as vendas de Bimby em Portugal, mas ela é descconhecida na Grã-Bretanha e uma busca pouco científica assegurou-me da sua pouca divulgação noutros países. Porquê?
Nos jornais e revistasem Portugal há receitas para a Bimby, há livros, há gente na televisão, que diabo, a falar da Bimby.
Como o Ikea, a Bimby é possivelmente um dos males importados do norte da Europa que mais divide os casais e a população em geral. No Ikea, homens carrancudos arrastam-se sem entusiasmo, desejosos de irem apenas para o café comer iguarias suecas (pelo menos essa é a minha experiência). Há os que acham que o Ikea foi a melhor invenção depois da roda e da pólvora e os que acham que é uma aldrabice baratucha e de má qualidade que nos obriga a montar as coisas mais básicas e até panelas (comprei panelas que se tinha que aparafusar as tampas e os cabos) e nos cega com uma
miríade de objectos coloridos inúteis que nós passamos a acreditar que precisamos para que a nossa vida se torne subitamente mais escandinava.
A Bimby é semelhante, dividindo opiniões e criando conflictos. Para uns é a salvação na cozinha, ali a moer, cortar, triturar, cozer, misturar e a fazer barulhinhos irritantes e estridentes, qual robô da Guerra das Estrelas. Para outros é uma afronta.
Para mim é mais do que uma afronta é um verdadeiro escândalo que nos distancia do que é cozinhar. Fazer comida demora tempo, exige esforço, exige atenção. Não quer dizer que consigamos sempre cozinhar assim. Mas vale a pena tentar. Compreendo que seja um aparelho útil, mas só de olhar para as instruções me agonia, devida a uma fobia técnica instransponível. Tinha que ter sido inventada pelos alemães com o seu amor do prático e da maquinaria e também da distorção culinária. Os ingleses têm fama de ter má gastronomia, o que desde há 10 ou 15 anos para cá não é merecida. Os alemães por seu turno não só culpam os espanhóis dos pepinos supostamente contaminados, como não querem ajudar a Grécia e Portugal e acham que somos países pouco civilizados a viver à conta do norte da Europa. Mas o desplante máximo para mim é a Bimby, a grande vingança alemã contra o "slow food", o modo de vida do sul da Europa e do Mediterrâneo. Aos poucos os portugueses vão se tornando clones, como no livro e filme "Stepford Wives", donas-de-casa robotizadas e germanizadas, mesmo que pensem que estão a fazer bacalhau e pastéis de nata na Bimby.

Wednesday 11 May 2011

O que eu tenho andado a ler...


  1. The island, Victoria Hislop-uma colónia de leprosos numa ilha grega nos anos 40 não parece um tema leve para ler nas férias, mas a história é cativante e as personagens interessantes, assim como o retrato de Creta e seus habitantes. Escrita um pouco telegráfica e factual, mas lê-se bem.

  2. The memory keeper's daugher, Kim Edwards-Gémeos separados à nascença, segredos de família, os efeitos da mentira, perda e vidas paralelas numa teia intrigante, num estilo fluído e elegante.

  3. Bordeaux housewives, Daisy Waugh- No género"Chic lit", com capa em tons rosa, é um livro para mulheres que querem escapar à realidade e sonham com princípes encantados. Passado na zona de Bodeaux conta a história de inglesas ricas a viver em França. Podia ser divertido, mas é superficial e com uma intriga forçada e previsível.

  4. Never let me go, Kazuo Ishiguro-Este é talvez o melhor desta colheita, seguido do número 2. Ficção científica à maneira do "Children of Men" de P D James, não no sentido de naves espaciais e extraterrestres, mas uma distopia (ou utopia negativa) perturbadora. Um futuro quase igual ao presente, mas em que a humanidade ou o que é ser humano está em causa. A história é contada por Kate que cresceu num colégio interno em condições aparentemente ideais. Aos poucos a personagem central vai se apercebendo do que a espera e nós leitores de que ela é um clone, criado para doar orgãos vitais. A "voz" da personagem é muito credível e a maneira como as crianças e adolescentes constroem e interpretam realidades é narrada de um modo verosímel.

Thursday 24 March 2011

Serões da província-Vinhos no campo

Quando mudei de Londres para o campo houve uma coisa que notei de imediato: não foi o ar puro, nem a simpatia das terras pequenas, nem sequer o ritmo lento da vida bucólica, mas sim a qualidade execrável dos vinhos nos "pubs". Ora, na última década com a revolução gastronómica que ocorreu aqui no Reino, os vinhos servidos em "pubs" e restaurantes em Londres e nas outras grandes cidades melhoraram muito. Encontram-se listas razoáveis por região do mundo e o interesse por vinhos cresceu tanto que há pessoas que chamam às filhas Chardonnay, um dos piores exemplos de mau gosto, mas isso é outro tema.
Agora no campo, não há perigo de ninguém chamar Pinot Grigio às crianças. As listas de vinho, quando existem oferecem no máximo, três possibilidades. Num dos "pubs" da minha aldeia, o dono explicou que " não existe procura de vinhos bons" para justificar os vinhos disponsíveis que basicamente se podem descrever como: zurrapa tinta e zurrapa branca. Quando a minha irmã me visitou e fomos ao "pub", convenceu-me que eu não podia beber o vinagre que me serviram a fazer as vezes de vinho branco e decidiu discretamente dá-lo a beber às plantas da nossa mesa, enquanto eu temia que alguém nos apanhasse em tal delito e eu, a estrangeira fosse "persona non grata", com manias de vinhos e preciosismos afrancesados. A maioria das pessoas não provam os vinhos nos restaurantes e com grande embaraço pedem que lhes sirvam, seja o que fôr, tudo para não se queixarem e causarem consternação ao empregado. Acredito que o britânico típico prefere comer ou beber algo estragado do que ter que mandar coisas para trás e causar confusão. Ao contrário dos portugueses. Há "pubs", cujos empregados ficaram espantados quando eu perguntei se tinha champanhe na noite de fim do ano. Há pouco tempo pedi um vinho branco sauvignon blanc (o único) num "pub" na aldeia vizinha. Como o posso descrever? avinagrado no paladar, com notas de urina (aliás a cor era de urina escura, daquela que denota sérios problemas nos rins). Será que bebi...sim, claro, não me podia queixar...com água gasosa. Ainda me perguntam os meus familiares e amigos porque misturo eu vinho branco com água das pedras. Para diluir a urina. Por isso, estou a organizar uma prova de vinhos, no sentido de educar os gostos enológicos no campo inglês. A enóloga que vai fazer a prova já me disse que espera que os participantes bebam até à última gota cada vinho e não cuspam nada fora, o que também é a minha experiência em provas com ingleses. Como diz o Jamie Oliver (nunca pensei que o fosse citar tanto), a única maneira de fazer com que os super-mercados deixem de vender peixe mau é as pessoas exigirem peixe fresco. O mesmo se pode dizer dos vinhos. Vamos fazer uma revolução vinícola no campo e difundir a mensagem de que tem que haver escolha para os que não gostam de cerveja. Abaixo a urina!

Sunday 20 February 2011

As serviçais-the Help-segregação cultural?

O livro "The Help" de Kathryn Stockett foi uma surpresa agradável para mim, recomendo-o já e garanto que é difícil de parar de ler, mal se entra na história. Em português entitula-se "As serviçais" e não faço ideia se a tradução é decente. É praticamente impossível de traduzir uma linguagem que é por vezes é um dialecto, muito idiomática e enraízada numa cultura e numa altura diferentes, mas mais do que a escrita, fascinou-me o enredo, a riqueza interior das personagens e os temas complexos em que toca.
Passado na cidade de Jackson no Mississipi nos anos 60, "The Help" relata a vida das criadas negras que tratam das crianças das famílias ricas, a segregação, o racismo da sociedade em que vivem, à beira de mudanças profundas. A trama centra-se em duas empregadas negras e uma rapariga branca, que quer ser escritora e decide contar as histórias dessas mulheres e a coragem delas ao desafiarem as leis que estipulavam a separação e a subordinação dos negros e as normas e convenções sociais da época.
Primeiro, ao ver a fotografia da autora, branca, loura e nova na contracapa e ao começar a ler capítulos na "voz" de Abileen, uma das criadas negras, tive sérias dúvidas sobre este livro e tive que ultrapassar uma certa irritação inicial. No entranto, a ficção é isso mesmo, essa capacidade de empatia, de extrapolar, de "fingir" com autencidade. A autencidade existe aqui, mesmo se activistas radicais acusaram Stockett de ser racista por ter ousado exprimir o que sentem personagens negras. Será que não é essa atitude que perpetua a segregação, também cultural de que só os negros podem escrever sobre negros e há barreiras que são intransponíveis?
O livro domina as listas de "bestsellers" do New York Times, teve em geral mais críticas positivas que negativas e é o primeiro romance de Stockett, que foi rejeitada por 50 agentes literários, antes de alguém ter visto o potencial deste livro: tem coisas importantes a dizer, apela às mulheres, sejam de que cor forem, confronta um tema que merece ser tratado e coloca questões e gera diálogo e controvérsia. Há muito tempo que não lia um livro tão completo, intrigante, emocionante e bem conseguido.

Monday 24 January 2011

Carne de porco com batatas e limão


Uma receita super fácil para um vegetariano ou pessoa que só come peixe como eu fazer para carnívoros, embora devam perguntar-se porque cozinho eu carne, compactuando com a morte destes inocentes, mas por vezes é necessário...
Ingredientes:
Um lombo de carne de porco-700 ou 800 gramas
750 grams de batatas com casca, lavadas cortadas em segmentos ou palitos médios
3 limões cortados em segmentos
Azeite
Meia cabeça de alho, com casca, separados e lavados os dentes
Sementes de mostarda
Sal e pimenta a gosto
Método
Aqueça o forno a 180 graus
Coloque as batatas e os limões numa taça grande e regue com azeite, e tempere com sementes de mostarda, sal e pimenta e junte os alhos com a casca
Ponha a carne de porco num tabuleiro de ir ao forno e tempere com sal e pimenta e regue com duas colheres de azeite
Leve ao forno e suba para 200 graus, deixando a carne assar assim durante 15 ou 20 minutos
Baixe o forno para 180 graus e adicione as batatas e a marinada ao tabuleiro onde ficarão mais 40 minutos.
copywright Livros Petiscos e Iscos