Saturday 16 September 2017

Pós-verdade e notícias falsas-Literacia em mídia e jornalismo

Guia para identicar "fake news"
Quando era pequena, os meus vizinhos costumavam comprar o Jornal do Incrível. Quem o lesse ia pensar que  extraterrestres tinham aterrado em Lisboa e em outras histórias insólitas e completamente fabricadas. Hoje em dia, com o fenómeno das notícias falsas vivemos perpetuamente no universo desse pasquim. Lembro-me que as fotos eram chocantes e horrendas.
Nunca a literacia em meios de comunicação social foi mais importante do que agora. A quantidade de "fake news" que encontro nas redes socias vindas de pessoas que deviam saber identicá-las fez me pensar que há um enorme trabalho a fazer nesta área. Decidi começar pelas crianças e vou dar workshops em escolas primária este mês. Estou curiosa em descobrir que perguntas fazem e como esses nativos digitais vão reagir. 
Num mundo em que ideologias extremistas estão a ganhar terreno, em que Trump está na Casa Branca a propagar mentiras e desinformação, é necessário explicar o que são notícias falsas. A maior parte das pessoas com quem falo não se apercebe que se tratam de sites e notícias sompletamente fabricadas por motivos mais económicos do que políticos. Não estamos a falar de notícias meramente deturpadas, subjectivas, em que os factos não tenham sido confirmados e sejam dúbios. "Fake news" são completemente falsas, inventadas e publicadas em sites criados para o efeito. Donald Trump chama "fake news" a todas as notícias de que não gosta  e que expõem a sua incompetência, corrupção e abusos de poder. Isso serviu para criar ainda mais confusão, que é o objectivo dele e de outros agitadores semelhantes.
Apesar de cada vez mais pessoas desconfiarem dos mídia tradicionais ou institucionais, estes praticam jornalismo, sujeito a regras, ética profissional e normalmente fidedigno. Apesar das fronteiras terem sido esbatidas com a desintermediação, as redes sociais, a desconfiança face à ciência e a tudo o que é factual ou pretende ser não se pode comparar a BBC ou o New York Times com os sites onde aparecem as "fake news". Isto é diferente de notícias humorísticas, propaganda, pouco factuais.
Estes sites foram criados para que as pessoas cliquem, entrem e leiam. Cada vez que o fazem, alguém está a ganhar dinheiro em publicidade ou a tentar infectar computadores ou a roubar dados pessoais. Depois desaparecem,criam outros, são "escritos" por programadores informáticos e ciber-criminosos. Além de falsos, estão cheios de erros e de "iscos" para tentar que as pessoas cliquem. Pensem nestes exemplos de "fake news"
"o Papa apoia o Trump", "Sumo de laranja cura o cancro", "Hillary Clinton lidera rede pedófila com sede em pizaria". Há gente que acredita nisto, enquanto critica a RTP, ou a SIC ou a BBC ou o Público...Entretanto o Trump ganha, o Brexit ganha, os charlatões ganham, os aldrabões avançam.

DICAS PARA IDENTICAR NOTÍCIAS FALSAS
-Verifique o endereço do site, ou localizador unforme de recurso. Conhece o site? é confiável? Qual é a fonte? tem um endereço estranho por exemplo  acaba em "com.co". Alguns compiam nomes de meios de comunicação social conhecido, por exemplo "bbbc"

-O formato é fora do normal, com fotos que parecem ter sido alteradas?
-Não há secção "sobre nós", "quem somos", não ha autores tudo é anónimo
-Veja se a notícia tem data
-Veja se existem conteúdos repetidos no site
-Vá a um site de verificação de factos (Snopes), faça buscas para ver se a notícia aparece noutros sites
-Parece absurdo? parece uma história do dia das mentiras? parece bom de mais, chocante demais, ofensivo demais para ser verdade?