Thursday 11 September 2008

Vistas curtas

"Deriding Palin's modest background and lack of Ivy League credentials will only turn voters off. We should celebrate what is groundbreaking about Sarah Palin: a card-carrying member of Feminists for Life is a big step forward from Housewives for Life. And then we should talk about the issues.", escreveu a jornalista da revista Vogue, Rebecca Johnson no Daily Telegraph. Neste artigo, ela defende que não se deve criticar a candidata republicana a vice-presidente, Sarah Palin pelas suas origens humildes e o facto de não ter andado numa universidade com prestígio, o que serve apenas para alienar os eleitores. Recorde-se que Barrack Obama, de raça mista, criado pelos avós e pela mãe no Havaí não vem de um meio social elevado, mas estudou e entrou para Harvard, assim como a mulher Michelle entrou para Princenton (as tais universidades "Ivy League", de prestígio que assustam o povinho).
Ao que parece os eleitores gostam de candidatos populistas, pouco instruídos, "terra a terra" mas altamente conservadores e patrióticos com valores tacanhos e provincianos. O discurso de Palin na convenção Republicana, em que até citou um célebre autor anti-semita centrou-se muito na ideia dos valores provincianos, de vilas e cidades pequenas, em que toda a gente se conhece, como se estas terreolas conferissem uma superioridade moral. O que está aqui por trás é o medo do "outro" do que é diferente, do estrangeiro. Não admira que a senhora raramente tenha visitado outros países, não fosse deixar-se influenciar por ideias estranhas.
Segundo Rebecca Johnson devemos celebrar o que é "inovador" na candidatura de Palin e um grande passo para a emancipação das mulheres: Uma "feminista pró-vida, contra o aborto é melhor do que uma dona de casa com os mesmos princípios". Sarah Palin é membro da organização "Feministas Pró-Vida", mas isso não faz dela uma verdadeira feminista
Uma mulher que não permite às mulheres a escolha de abortar mesmo em casos de violação ou incesto, que é contra a educação sexual nas escolas, que não é a favor da saúde pública universal,
que apoia o criaccionismo e doutrinas que contribuem para a repressão e submissão das mulheres, que tentou proíbir a existências de determinados livros na biblioteca da cidade onde era presidente da Câmara, que acredita apenas numa estrutura familiar tradicional não é feminista. A escolha de Palin para o cargo é um passo atrás em 30 anos de conquistas e algumas perdas para retirar as mulheres da posição subalterna e ingrata que têm ocupado.

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