Thursday 24 April 2008

A gaffe de Obama na Pensilvânia "Tacanha"


Os Democratas da Pensilvânia responderam à gaffe de Barack Obama ao dar uma vitória inequívoca a Hillary Clinton (10% de vantagem), fazendo assim com que a corrida à nomeação se arraste mais uns meses. Para os que ainda não notaram, Obama não é perfeito e o messias que vai salvar os Estados Unidos e o mundo após oito anos de governo Bush. Carismático, capaz de inspirar uma geração apática e bem-falante, o candidato “distraiu-se” e disse a uma audiência de empresários em São Francisco que a classe baixa na Pensilvânia era “amarga” e tacanha, que reage à falta de oportunidades económicas e socais virando-se para a posse de armas de fogo, a religião fanática e a xenofobia. Estes comentários mostram o que muitos já suspeitavam: Barack Obama não é um filho do povo. Como a maior parte dos políticos nos Estados Unidos é elitista, assim o descreveu o candidato Republicano, John McCain. Obama frequentou colégios e universidades de luxo, movimentando-se num meio culto, instruído e rico. Alguns acusam-no de estar desfazado da realidade da populaça americana, com a sua mentalidade ultra-conservadora, crença evangélica e medo-desprezo pelos valores urbanos e “estrangeiros”.

Os eleitores Democratas vão às urnas no dia 6 de Maio na Carolina do Norte e em Indiana, onde se espera que Obama recupere a vantagem sobre a sua adversária.
Contudo, são os “super-delegados” que votam no Congresso em Agosto que irão fazer a diferença. Analistas políticos têm referido que Hillary ganha nos estados importantes e cruciais para que o partido possa derrotar McCain.

O poder dos blogues


No entanto, os comentadores pensam que para Obama perder a nomaeção terá que cometer erros consideráveis. Uma lição que ele aprendeu no evento onde fez os tais comentários infelizes é a não ignorar os chamados cidadãos-jornalistas.
Ao fazer o discurso a um grupo de empresários californianos com o intuito de angariar fundos para a sua campanha, Obama pensou que podia estar à vontade, já que o evento era vedado à imprensa. Só que Mayhill Fower de 61 anos e uma “blogger” do “Huffington Post” estava presente.
Hoje em dia com o avanço da blogosfera, os meios de comunicação não só não podem ser controlados como como têm que repensar questões éticas. O mais interessante é que Mayhill é apoiante de Obama e contribui até dinheiro para a campanha. Ao gravar os comentários do candidato e ao aperceber-se do seu potencial para afectar a sua imagem quase imaculada, a “blogger” (bloguista?) questionou o que deveria fazer. Para a editora do “Huffington Post” não havia dúvida de que deontologicamente não se pode cobrir uma campanha e ocultar as facetas negativas dos políticos conforme as nossas convicções (também ela apoia entusiasticamente Obama). E assim, a gaffe, a grande “cacha do “Huffington” passou da blogosfera para outros meios de comunicação social.

Monday 21 April 2008

Diário de Uma Senhora da Província

Estou a saborear aos poucos, o "Diary of a Provincial Lady", de E.M. Delafield. Publicado em 1930 é um relato escrito na primeira pessoa, que é um pioneiro da chamada "Chick Lit", um rótulo um pouco pejorativo da "literatura leve para mulheres" ao género do "Diário da Bridget Jones".
De classe média-alta, a protagonista tem dois filhos, um marido (sempre a dormitar por trás do "Times"). Os seus dias são passados a gerir a casa, apesar de ter várias criados, uma cozinheira e uma "mademoiselle", encarregada da educação da filha. O filho tinha sido já despachado para um colégio interno. Robert, o marido é distraído, ausente e paternalista.
A Senhora da Província não trabalha, vive em Devon, numa pequena aldeia e movimenta-se na paisagem social, com visitas da mulher do Vigário, de jantares, almoços e "pic nics" aborrecidos.
A criadagem dá-lhe inúmeras dores de cabeça por estar sempre a queixar-se e despedir-se, pelo que ela é forçada a procurar substitutos, o que a deixa exausta. A sua conta tem o saldo negativo e ela tem que penhorar o anel de dimantes da avó, embora as aparências devam ser mantidas a todo o custo e ela continuar a comprar vestidos e chapéus "por não ter nada que vestir".
O diário é escrito num estilo divertido e a Senhora da Província torna-se particularmente exuberante quando viaja para Londres, França e Bruxelas com amigas.
A autora, que era jornalista e escreve este diário ficcional, mas profundamente autobiográfico foi convidada a publicá-lo em folhetins na revista feminista "Time and Tide". Após a publicação deste diário surgiu "The Provincial Lady in America" e "The Provincial Lady in Wartime", além de outros livros e peças de teatro, num corropio prolífico até à sua morte aos 51 anos.
Hoje em dia, a Senhora da Província teria um blogue, com conselhos úteis sobre como tratar os criados e como encontrar aquele vestido divino para uma "soirée literária".

Friday 11 April 2008

Virago:Uma editora de Mulheres para Mulheres

A editora Virago comemora os seus trinta anos em Maio, uma idade ainda jovem para o que se tornou uma institução do meio editorial britânico.
Com um grafismo inconfundível, as capas verdes, e a publicações de obras raras, a Virago inspira as mulheres que publicam livros escritos por mulheres, alguns dos quais tinham inicialmente sido marginalizados pelas grandes casas editoriais.
Para celebrar os seus 30 anos de existência, a Virago vai publicar em capa dura, obras que são agora clássicos, com introduções de escritores contemporâneos.
Um dos mais falados, porque difícil de encontrar nas livrarias é o "Diary of a Provincial Lady" de E M Delafield, que é um relato divertido de uma senhora que vive em Devon com uma bela casa, marido (sempre adormecido ou escondido por trás do "Times") e cuja razão principal de viver é manter as aparências.
A Virago na realidade criou autores de culto e salvou escritoras como a Daphne du Maurier (sobre quem já escrevi neste blog) de uma reputação que as rebaixa a uma categoria de meros "romances de cordel" ou "thrillers" ou o degradante conceito de "livros para mulheres", ou seja sobre sentimentos, emoções,a vida normal, a casa, os filhos, as relações.
Sem qualquer vergonha, a Virago assumiu-se como uma editora feminista.

http://www.virago.co.uk/

Lista de livros da Virago que recomendo
  • The Clothes on their backs, Linda Grant. Uma rapariga tímida descobre que tem um tio extravagante, que a leva numa viagem ao passado e aos segredos que a família emigrante escondeu
  • The Women´s room, Marilyn French. Um clássico do feminismo dos anos 70. Um grupo de mulheres reúne-se para partilhar experiências
  • Rebecca, Daphe du Maurier. A inexperiente narradora casa com um homem 20 anos mais velho, o viúvo rico e misterioso, Max de Winter. A presença da primeira mulher, Rebecca é dominante e como defendeu a autora do livro este é um "estudo sobre o ciúme"
  • Heartburn, Nora Ephron. A autora do guião de "When Harry Met Sally" e outros filmes escreve histórias caústicas sobre relações amorosas. Aqui, Rachel Samstat, que adora cozinhar e produz receitas de culinária para um jornal pinta um retrato agridoce da sua paixão e casamento com um jornalista egocêntrico. No meio surgem receitas e o que elas significam para a protagonista.