Saturday 20 March 2010

Livros maus

A última edição da American Book Review traz um artigo sobre o que constitui um mau livro. Eu já me tinha referido a este tema no "posting" sobre a digitalização e como não se perde nada em haver versões electrónicas de livros para "deitar fora".
É muito relativo, mas os professores universitários de literatura que contribuem para este artigo concordam que muitos destes livros conseguiram enganar os críticos e os público de que eram obras de grande originalidade e envergadura, quando denotam a preguiça, o narcisismo, a arrogância e presunção dos escritores acima de tudo.
Que o "Código Da Vinci", os livros do James Bond são medíocres não há dúvida, mas esta lista também desmistifica clássicos o "Great Gatsby", "Women in love", o que é controverso. Por exemplo "Revolutionary road" é considerado um livro mau porque não diz nada de novo, no entanto nos anos 50, escrever sobre casais suburbanos e a calustrofobia do enquadramento social era revolucionário, além de que o livro está bem escrito, as personagens bem observadas e pormenores sobe o relacionamento entre as pessoas são bem captados. Por isso, este top 40 dos livros maus não me convence totalmente...
Um dos académicos diz que os livros maus o enraivecem, e eu identifico-me com isso, são irritantes, na perca de tempo que nos propõem, quando há tantos livros bons para ler. Uma ideia interessante é que escrever um livro mau implica esforço, tanto como escrever um livro bom.
Uma das entrevistadas para o artigo, dizia que todos os anos punha um livro mau na lista de leitura dos alunos do curso de literatura para ver se eles eram capazes de o identificar. É curioso que tenha escolhido uns contos da Isabel Allende, que muita gente gosta e que eu abomino. O realismo mágico é algo que não me diz absolutamente nada. Talvez haja um consenso sobre certos livros ignóbeis, mas decerto que os gostos variam. Há pessoas que adoram o Harry Potter, todos os livros de vampiros que estão na moda, o Dan Brown e as suas conspirações. É verdade que a intriga pode ser relativamente boa e o estilo horrendo. O John Grisham escreve intrigas empolgantes sobre casos jurídicos que me interessam imenso, mas a escrita é tão cheia de clichés e simplista, tão profundamente má que é uma afronta, mesmo na praia.

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