Monday 21 April 2008

Diário de Uma Senhora da Província

Estou a saborear aos poucos, o "Diary of a Provincial Lady", de E.M. Delafield. Publicado em 1930 é um relato escrito na primeira pessoa, que é um pioneiro da chamada "Chick Lit", um rótulo um pouco pejorativo da "literatura leve para mulheres" ao género do "Diário da Bridget Jones".
De classe média-alta, a protagonista tem dois filhos, um marido (sempre a dormitar por trás do "Times"). Os seus dias são passados a gerir a casa, apesar de ter várias criados, uma cozinheira e uma "mademoiselle", encarregada da educação da filha. O filho tinha sido já despachado para um colégio interno. Robert, o marido é distraído, ausente e paternalista.
A Senhora da Província não trabalha, vive em Devon, numa pequena aldeia e movimenta-se na paisagem social, com visitas da mulher do Vigário, de jantares, almoços e "pic nics" aborrecidos.
A criadagem dá-lhe inúmeras dores de cabeça por estar sempre a queixar-se e despedir-se, pelo que ela é forçada a procurar substitutos, o que a deixa exausta. A sua conta tem o saldo negativo e ela tem que penhorar o anel de dimantes da avó, embora as aparências devam ser mantidas a todo o custo e ela continuar a comprar vestidos e chapéus "por não ter nada que vestir".
O diário é escrito num estilo divertido e a Senhora da Província torna-se particularmente exuberante quando viaja para Londres, França e Bruxelas com amigas.
A autora, que era jornalista e escreve este diário ficcional, mas profundamente autobiográfico foi convidada a publicá-lo em folhetins na revista feminista "Time and Tide". Após a publicação deste diário surgiu "The Provincial Lady in America" e "The Provincial Lady in Wartime", além de outros livros e peças de teatro, num corropio prolífico até à sua morte aos 51 anos.
Hoje em dia, a Senhora da Província teria um blogue, com conselhos úteis sobre como tratar os criados e como encontrar aquele vestido divino para uma "soirée literária".

No comments: