Monday 23 June 2008

O mundo da moda



Na semana passada fui à abertura da exposição “Little Black Dress” no Museu da Moda sobre esse clássico do guarda-roupa feminino que é o vestido negro. O Museu, sediado num antigo armazém industrial foi fundado pela estilista excêntrica e meia “punk” Zandra Rhodes. A minha amiga Mary-Jane fez chapéus para vender na loja do museu e vai apresentar um “workshop” em que ensina pessoas a fazer um exemplar com os materiais que ela leva e as técnicas que partilha. A isto, chama ela “mobile Millener”, ou seja a chapeleira ambulante.
Encontrámo-nos à porta e Mary Jane além de usar uma das suas criações (pétalas de tecido sobrepostas num efeito “vintage” entre a touca e o chapéu) vestia meias pretas sem pés, uma túnica preta com um cinto largo vermelho, diversas pulseiras de plástico coloridas e sapatos pretos com pom-poms (o look londrino entre o “retro” e o último grito da moda define a Mary Jane).
A festa foi bem regada com champanhe e os vestidos pretos estavam expostos em grupos conforme as épocas, começando com um exemplar Chanel, já que foi Coco Chanel quem lançou a moda do vestido preto nos anos 30, estipulando que este (junatamente com bujuteria falsa)devia ser o uniforme da mulher moderna. Desde essa altura o vestido preto aparece sob as mais diversas formas. Algumas das peças expostas eram obras de arte, saídas dos filmes da Audreey Hepburn ou Grace Kelly, cinturas minúsculas e drapeados em seda e tafetá. Outros eram absurdos robes de plástico, mais gabardine que vestido, cravados a metal ou horrendos tubos de lycra co,m ombreuiras gigantes dos anos 80.
Zandra Rhodes abriu a exposição com a sua imagem de marca: cabelo cor de rosa, sombra azul nos olhos (tipo panda) e uam sobreposição de roupas assimétricas. A convidada de honra era a modelo Erin O´Connor que é conhecida por ter transformado a imagem do Marks and Spencer de loja para tias octagenárias em catedral da moda. Não aconselho ninguém a colocar-se ao lado deste cisne cujo pescoço é maior do que a minha altura...quase...altissima, esguia e esquelética, esta modelo tem um ar inteligente, com o cabelo curto preto, um estilo andrógino e uma voz e sorriso agradáveis, mas é intimidante, coma sua altura, de tal maneira que a pobre da Zandra Rhodes que também é diminuta lhe pediu para tirar os sapatos. A fauna era composta de mulheres em vestidios pretos, com a suas próprias versões da elegância. Era óbvio que muitas faziam o chamado “channeling”, ou seja copiar uma actriz, usando esse “look” como “canal”. Não é a linguagem da moda absolutamente absurda? Contudo, é divertida e leve. Expliquei a um amigo meu no outro dia que a moda é a única coisa que interessa no “Sex and the City”, que acho machista e com mensagens seriamente duvidosas de consumismo galopante, imoralidade, leviandade e conformidade com papéis tradicionais (apesar das conversas sobre vibradores e dating compulsivo). A mesma pessoa referiu “a minha ex-mulher deixou-me para ir viver a vida do Sex and the City”. O que será que quer isto tudo dizer? Quando vir o filme voltaremso a esta vaca fria.
Na exposição do vestido negro, explicava eu que as mulheres estavam de negro, alguns poucos homens acompanhavam-nas com cara de querer estar a ver o Euro 2008 (os tais estereótipos) e outros “gays” estudantes de estilismo deleitavam-se. Um Travesti com pernas muito magras, mini-saia e saltos altos, mas de cabelo curto rapado cantou sobre a importância de ter um vestido preto. Na loja várias pessoas experimentavam os chapéus da Mary Jane sem comprar, o que a levou a questionar Zandra Rhodes e um rapaz chamado Piers sobre a dificuldade de vingar no mundo cruel da moda. Na sua pronúncia “cockney”, a estilista aconselhou-a a não desistir. Ela argumentou que tinha 40 anos e que estava a peder a esperança. Eu eo Piers insistimos que ela tinha uma aparência ultra-jovem.

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