Wednesday 25 June 2008

Patos e ratos ou pactos e raptos

Hoje recebi mais um e-mail abaixo-assinado, petição ou indignação costumeira contra o controverso acordo ortográfico. Como se não existissem problemas mais graves no mundo (guerras, a fome, os preços do petróleo, o desemprego...) Se as pessoas se deixassem de nacionalismos e patriotismos rídiculos, xenófobos e de teor colonialista seria melhor. Ainda por cima há quem confunda alhos com bugalhos e esteja convencido que desde o momento em entrar em vigor o acordo, Portugal se vai afundar sobre o peso dos brasileirismos, fruto de quem se recusa a estudar os factos ou fatos (não resisto).
A última petição que recebi é sobre a "língua portuguesa, que é a nossa pátria" e que faz um trocadilho absurdo com pato: "De fato, este meu ato é devido à não aceitação deste pato com vista a assassinar a Língua Portuguesa." Que almas tão inseguras temem o assassinato de uma língua falada por um número estimado de 250 milhões de pessoas?
De qualquer modo, eis o que diz o odiado documento:

"a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural; adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto;

Morreram pelo menos 100 mil pessoas desde que começou a guerra no Iraque. Aliás não há sequer informação fidedigna de quantos civis foram mortos (cerca de quatro mil são soldados americanos). Não será muito mais grave nem sequer termos acesso a essses dados e centenas de milhares morrerem num conflito absurdo...ou talvez seja preferível gastar energias a defender a ortografia da palavra "acto".

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