Thursday 21 August 2008

Aulas de feminismo?












Num mundo em que os ícones e os modelos de comportamento são a Paris Hilton e a Britney Spears, não é de estranhar que uma socióloga, Jessica Ringrose, especialista em estudos do género de uam Universidade Londrina venha sugerir que o feminismo deva ser ensinado como matéria nas escolas.
O feminismo como movimento, como ideologia, como inspiração nunca teve pior fama e é visto como algo irrelevante ou até perigoso e radical. A emancipação das mulheres foi reinterpretada de uma maneira perversa em que ser “sexy”, audaz sexualmente e ingressar na lógica degradante da pornografia é considerado "ser feminista". As constantes mensagens sexuais da cultura actual convencem muitas adolescentes que estes comportamentos são normais e que o "Sexo e a Cidade" é uma série feminista. Não é. Não há problema nenhum em gostar de sapatos, roupas e cosmopolitans, mas há em acreditar que o casamento é o destino final da mesma viagem porque passou a solteirona Bidget Jones e que implica comportar-se de um modo predatório e "masculino".
Segundo Ringrose, as raparigas definem-se cada vez mais pelo corpo, pela aparência fisíca e daí a obsessão com a magreza, com a maquilhagem, com as extensões capilares, com tudo o que é falso e falsificado que culmina na prática extrema da alteração da imagem, que é a cirurgia plástica. O aumento dos seios é agora uma aspiração, como costumava ser entrar na universidade. Acima de tudo estas jovens acreditam que são livres e que estão a fazer escolhas pensadas, quando na realidade trata-se apenas de agradar aos homens e integrar-se num sistema social ultra-misógino que favorece mulheres-bonecas tipo “Barbie”.
A verdade é que enquanto nos anos 70, muitas mulheres e homens, frescos da revolução sexual se insurgiam contra o machismo, no século XXI, o facto de que o que Joan Smith (autora de Misogynies, 1989) chama a "misogenia casual" é prevalente.
A escritora defendeu num artigo no jornal “Times” que não vale a pena ensinar o que é o feminismo às raparigas e deixar os rapazes de fora e que o discurso tem que ser adequado à sociedade actual. A linguagem do feminismo deve ser a linguagem dos direitos humanos, deve ser uma lição de história combinada com informação sobre o que se passa na indústria do sexo, no tráfico de mulheres, nos maus-tratos, na degradação causada pela prostituição (e pelo "strip-tease e "pole-dancing"), na desigualdade de salários, na não-representação das mulheres nas esferas do poder e dos negócios.

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