Monday 22 December 2008

"The Reluctant Fundamentalist", Mohsin Hamid

Esta obra, na lista curta de nomeados para o Man Booker Prize de 2007 conta a história de Changez, um jovem paquistanês idealista que após ter estudado na universidade de Princenton é recrutado por uma firma de Wall Street, iniciando uma carreira que se antevê brilhante. Sucessos académicos e profissionais e uma adaptação rápida a Nova Iorque, uma cidade em que se sente em casa, fazem com que os colegas e amigos o considerem integrado em Manhattan, apesar de ser sempre visto como algo "exótico".
O protagonista apaixona-se por Erica, com quem tenta desenvolver uma relação. Contudo, o estado mental instável de Erica e os ataques de 11 de Setembro levam Changez a questionar o modelo de supremacia americano, o seu trabalho e a tornar-se crítico face ao que vê como a arrogância dos Estados Unidos. A primeira coisa que faz é deixar crescer a barba, uma provocação que altera o modo como as pessoas o vêem, o que por sua vez gera em Changez sentimentos de paranóia e ressentimento.
A história é contada em forma de monólogo a um americano que o protagonista conhece num café de Lahore, após o seu regresso ao Paquistão e aos valores religiosos e culturais do seu país. A rejeição dos Estados Unidos e da sociedade ocidental (talvez fruto da frustração face ao amor não correspondido) vai se intensificando. O americano poderá ser um agente secreto ou homem de negócios e as intenções de Changez durante a narrativa são também duvidosas, já que o seu discurso mostra claros sinais de radicalização islâmica.
A escrita fluída e dúbia de Hamid, a descrição da crise de identidade cultural que a personagem atravessa e a tensão criada tanto no momento presente no café como no passado que leva à possível escolha do terrorismo como opção contra a injustiça tornam este livro uma leitura às vezes chocante, mas cativante e humana. Não se trata de uma obra de ficção sobre o 11 de Setembro, mas sobre a capacidade transformadora do 11 de Setembro.

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