Monday 26 January 2009

Viva a Kim Novak


Ontem vi pela segunda vez "Bell, Book and Candle" (1958) com a magnífica Kim Novak e James Stewart, reunidos no écran após aquele que é o meu filme preferido "Vertigo", de Hitchcock.
É uma comédia romântica em que Kim faz o papel de uma bruxa que se apaixona por um mortal. Muito poderia ser dito sobre as razões porque este par é tão fascinante, ele covencional e sério, ela excêntrica e misteriosa. Kim nunca escolheu papéis normais ou ligeiros, preferindo encarnar mulheres complexas e destabilizadas. Mas o mais interessante é quando vemos Kim e outras estrelas de cinema dos anos 50 e 60 e observamos como os seus corpos diferem dos das actrizes e modelos de hoje. A diferença é notável dos anos 80 e 90 para cá.
Há três décadas, a piscoterapeuta britânica, Susie Orbach identificou a gordura ou a obsessão com a gordura como uma questão feminista no livro "Fat is a feminist issue". A desigualdade entre os sexos seria a causa da ingestão compulsiva de alimentos e o facto das mulheres engordarem: para serem levadas a sério e tratadas sem frivolidades. Orbach identifica a raiz da maioria dos problemas de peso das mulheres na relação delas com as mães e destas com a comida.
Esta teoria, avançada em 1978, é extremamente datada e centra-se na ideia de que as mulheres querem se apagar como objectos de desejo sexual ao engordarem, à medida que continuam a fazer dietas ineficazes.
Na sua última obra, Orbach argumenta que as desordens alimentares e o sofrimento por causa da auto-imagem corporal não estão limitados a uma pequeno grupo, mas tornaram-se a regra geral. Vivemos numa sociedade obesa em que prevalecem as dietas e em que somos bombardeados com imagens de corpos considerados prefeitos, mas que no fundo são esqueléticos, emaciados e assexuados. Esse tornou-se o ideal de beleza no século XXI.
Ná época do pós-guerra, as mulheres podiam e deviam ter curvas, um sinal de saúde e prosperidade. Orbach nota que o corpo é agora um "projecto", sendo as pessoas responsáveis desde tenra idade em cultiva-lo para a magreza-beleza, recorrendo a qualquer meio, inclusive a cirurgia plástica.
O que tem isto a ver com Kim Novak? Tanto ela, como Ava Gardner, como a própria Marylin Monroe seriam postas em dietas hoje em dia pelos estúdios de Holywood. É de notar que Audrey Hepburn, considerada demasiado magra na altura esteja tanto na moda. Eu prefiro a Kim Novak.

1 comment:

Estranha said...

ainda tem uma amiga que faz chapéus?