Friday 7 September 2007

Le Quartier Français



Em Junho tive o prazer de jantar no Quartier Français, em Franschhoek na África do Sul, número 47 na lista dos melhores restaurantes do mundo e o melhor na região África-Médio Oriente, segundo a revista Resurant. No top da lista está o El Bulli em Espanha e em segundo o Fat Duck em Inglaterra.
Estes restaurantes têm algo em comum, além dos preços, claro. Em todos eles é praticada a cozinha molecular, uma culinária moderna, que é experimental, quase de laboratório. A ideia e combinar sabores e texturas não-convencionais e usar determinadas técnicas e instrumentos de laboratório para alcançar paladares inesperados (retirar o vácuo, gelar, assar a temperaturas de fogão industrial)
O Quartier Français é um hotel e restaurante decorado ao estilo contemporâneo na vila de Franschhoek, na região vinícola da África do Sul, um vale apinhado de vinhas e de casas de produção de vinhos, onde se pode fazer provas. Ao lado existe ainda uma loja de livros e implementos de cozinha, um cinema e uma galeria que fazem parte deste “hotel boutique”.
Fundada por Huguenotes franceses no Século XVII, a arquitectura e as lojas chiques da vila, lembram mais a “New England”, principalmente debaixo das chuvas torrenciais de Junho, que quando chove na zona do Cabo, chove mesmo.
A cozinheira no Quartier é Margot Janse, uma lufada de ar fresco no mundo da alta gastronomia, dominada por “chefs” homens, com temperamentos que fervem em pouca água e com egocentrismo e fama desmedida, mas isso é outro tema.
Farei outro posting sobre vinhos sul-africanos, mas é preciso salientar que o “tasting menu” ou a prova de seis pratos foi acompanhada de champagne e vinhos apropriados. Entre cada prato (e eram minúsculos, porque os sabores são delicados e a qualidade conta mais que a quantidade) apareciam amuse-bouche (uma palavra maravilhosa) também chamados amuse-gueule ou appetizers em inglês, pequenos petiscos se quisermos para limpar o paladar. Há que salientar o aspecto estético, a combinação de cores e formas que tornam estas iguarias em quase obras de arte na sua perfeição miniaturizada.
Das coisas que me lembro melhor na sucessão de pratinhos que vieram foi o gnocchi (bolinhas de massa feitas de puré de batata) molho de tomate e baunilha e caviar de aubergine, o gelado de parmesão e o soufflé de maracujá, exactamente as misturas de eu gosto: vegetais, frutas e queijos.
O que é interessante neste restaurante de fusão gastronómica é que a influência principal é francesa, com ingredientes locais, como o “springbok”, da família do veado e com nuances internacionais. O aspecto “molecular” não é exagerado nas consistências ou nas combinações de alimentos.
Por exemplo gelado de parmesão é muito menos estranho do que gelado de sardinha, à moda do Fat Duck do “chef” Heston Blumenthal, que inventou as papas de aveia com caracol, salmão em molho de rebuçados, doce de morangos com azeitonas e ovos mexidos e outros pratos aparentemente incongruentes.
Jantar no Quartier Français é uma experiência única que nos faz querer ir para casa a correr experimentar e misturar courgettes com molho de chocolate...ou talvez não...mas que é como um filme ou um livro que nos faz pensar e sobre o qual se quer falar e analisar a seguir...como é que conseguiram alcançar aquela panóplia de sabores e será que usaram canela ou gengibre e que técnicas foram empregues para criar aquela espuma deliciosa?

http://www.lequartier.co.za/





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