Tuesday 6 November 2007

"Then We Came to the End", Joshua Ferris

Estou a ler este primeiro romance de Joshua Ferris, sobre o mundo do trabalho, o ambiente corporativo numa agência de publicidade de Chicago na altura da recessão "Dot-com", ou seja o início do século XXI. Narrado na terceira pessoa do plural, o livro relata como, um a um, os
empregados vão sendo despedidos, enquanto vai crescendo o medo dos despedimentos, aumentam as intrigas e também uma intimidade perturbadora entre as pessoas num espaço claustrofóbico. É um retrato da mesquinhez e solidariedade que se encontra em escritórios em todo o mundo, com pormenores muito bem observados das idiossincrasias de pessoas forçadas a passarem mais tempo com um grupo de estranhos virtuais do que com a família e os amigos. Por exemplo, o "nós" que narra a história fala de um colega que está a escrever um romance e adora livros, então fotocopia extractos para ler à secretária a fingir que está a trabalhar, ou o caso da chefe que tem cancro mas que vai trabalhar no dia antes da operação e recusa-se a debater o assunto por "estar fora do âmbito profissional". Há ainda empregados que começam a ficar paranóicos com o terror de serem despedidos, descrições do puro aborreecimento, das horas mortas, dos intervalos para o café e as tarefas inúteis. Alguns envolvem-se romanticamente, outros tentam roubar as melhores cadeiras do escritório, tudo para tentar lidar com a enorme pressão que estão a viver.
É um romance sobre a cultura americana do trabalho, como validação do indivíduo e mecanismo que confere sentido, orgulho pessoal e "status social".
Pode-se encontrar paralelos com a série cómica "The Office" e com o divertido, "Who Moved My BlackBerry?", da colunista do Financial Times, Lucy Kellaway (escrito sob a forma de e-mails, é um olhar sobre o mundo rídiculo de um gestor de marketing, cuja gíria corporativa e constantes "gaffes" tornam este livro impossível de não ler de uma tirada só)
Para terem uma ideia: http://www.thenwecametotheend.com/

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